Como frisa o sacerdote Jose Eduardo Oliveira e Silva, a ética cristã e defesa dos pobres não é apenas uma diretriz moral, mas um imperativo teológico profundamente enraizado nas Escrituras e na tradição da Igreja. Desde os profetas do Antigo Testamento até o Evangelho de Jesus Cristo, a atenção e o cuidado para com os mais vulneráveis – os pobres, os oprimidos e os marginalizados – são apresentados como sinais concretos da verdadeira fé e do conhecimento de Deus. O compromisso com a justiça social torna-se, então, o campo de prova da autenticidade da vida cristã.
Se você deseja compreender as bases desse compromisso e a forma como a fé move a ação em prol de um mundo mais equitativo, continue lendo a seguir!
A opção preferencial pelos pobres: Fundamento teológico
A expressão “Opção Preferencial pelos Pobres” é um conceito central na teologia e na Doutrina Social da Igreja Católica, que não significa exclusão, mas sim uma prioridade inegociável. A Bíblia está repleta de passagens que demonstram a preocupação divina com aqueles em situação de carência e opressão.
Como destaca o teólogo Jose Eduardo Oliveira e Silva, o próprio ministério de Jesus Cristo foi marcado pela proximidade com os marginalizados e pela denúncia das estruturas de injustiça. A parábola do Bom Samaritano e as Bem-Aventuranças, que proclamam felizes os pobres de espírito e os que têm fome e sede de justiça, são exemplos claros da centralidade desse tema.

Essa opção preferencial exige que os cristãos não apenas realizem atos de caridade (assistência imediata), mas que atuem ativamente na transformação das causas estruturais da pobreza e da desigualdade. A ética cristã, nesse sentido, transcende a mera esmola e se torna uma ética de transformação social radical, buscando estabelecer o mishpat (justiça retificadora) e a tzadeqah (justiça restauradora) na sociedade.
Justiça social: Além da caridade, a busca por direitos
A ética cristã e defesa dos pobres entende a justiça social como o conjunto de condições que permitem às instituições sociais assegurar a cada pessoa a possibilidade de obter o que lhe é devido, garantindo a dignidade e os direitos fundamentais.
Segundo o sacerdote Jose Eduardo Oliveira e Silva, a pobreza não é um fenômeno natural ou inevitável, mas frequentemente o resultado de escolhas políticas e econômicas injustas, que concentram poder e recursos em detrimento da maioria. Portanto, a resposta cristã à pobreza não pode se limitar a amenizar o sofrimento; ela deve questionar as raízes da desigualdade.
A defesa dos pobres, orientada pela ética cristã, implica a defesa de direitos universais, como o acesso à educação, à saúde, ao trabalho digno e à moradia. Um culto que se restringe ao templo e ignora as injustiças do mundo perde sua validade e seu sentido evangélico.
Qual é o papel da igreja na transformação social?
A Igreja, como instituição, tem desempenhado um papel vital na defesa dos direitos humanos e na promoção do desenvolvimento integral dos povos. Através da Doutrina Social, ela oferece um conjunto de princípios e valores para orientar a ação dos fiéis na construção de uma sociedade mais justa.
Como menciona o filósofo Jose Eduardo Oliveira e Silva, a Igreja, com suas diversas pastorais sociais, redes de caridade e organismos de defesa de direitos, atua como voz profética em um mundo frequentemente indiferente ao sofrimento humano. Ela incentiva a participação política, a fiscalização das políticas públicas e a criação de iniciativas que promovam a autonomia e a dignidade dos mais vulneráveis.
A fé, neste contexto, motiva a resiliência e a esperança. A convicção de que Deus está do lado dos oprimidos impulsiona os cristãos a não se conformarem com a realidade injusta, mas a se tornarem agentes de transformação e de um “novo coração”, livre do egoísmo e da ganância.
O desafio da coerência entre fé e ação
A ética cristã e defesa dos pobres constitui a espinha dorsal do Evangelho. O compromisso com a justiça social não é um apêndice da fé, mas a sua manifestação mais eloquente e necessária. A fé verdadeira se demonstra pelas obras, especialmente aquelas que promovem a vida plena para todos.
Como pontua o Pe. Jose Eduardo Oliveira e Silva, o maior desafio para o cristão contemporâneo é viver uma coerência inabalável entre o que se professa na liturgia e o que se pratica na vida cotidiana e nas estruturas sociais. A defesa dos pobres não é apenas um ato de bondade, mas uma resposta de amor e gratidão a Deus, que nos amou primeiro.
Autor: Igor Blinov